sexta-feira, 24 de abril de 2015

IDENTIFICAÇÃO

Seja bem vindo(a)!!!

Somos discentes do 2º semestre, do curso de Farmácia, da Faculdade Independente do Nordeste - FAINOR. 
O objetivo da criação deste blog é de socializar informações referentes à algumas patologias relacionadas ao tecido conjuntivo bem como o mecanismo de ação dos medicamentos.
O blog faz parte da avaliação parcial da 2ª unidade, da disciplina Histologia e Embriologia ministrada pelo professor Iolando Fagundes.

INTRODUÇÃO AO TECIDO CONJUNTIVO


Legenda:
1. Epitélio Pavimentoso Estratificado Queratinizado
2. Tecido Conjuntivo Frouxo
3. Tecido Conjuntivo Denso

De origem mesodérmica, o tecido conjuntivo caracteriza-se por preenchimento dos espaços intercelulares do corpo e a importante interfase entre os demais tecidos, dando-lhes sustentação e conjunto. Morfologicamente, apresenta grande quantidade de material extracelular (matriz), constituído por uma parte não estrutural, denominada de substância estrutural amorfa (SFA), e por outra porção fibrosa.

Substância fundamental Amorfa: formada principalmente por água, polissacarídeos e proteínas. Pode assumir consistência rígida, como, por exemplo, no tecido ósseo; e mais líquida, como é o caso do plasma sanguíneo.


Fibras: de natureza proteica, distribuem-se conforme o tecido, destacando-se:


Colágeno → fibras mais frequentes do tecido conjuntivo, formada pela proteína colágeno de alta resistência (coloração esbranquiçada);

Elásticas → fibras formadas fundamentalmente pela proteína elastina, possuindo considerável elasticidade (coloração amarelada);

Reticulares → fibras com reduzida espessura, formada pela proteína chamada reticulina, análoga ao colágeno.

Portanto, além da função de preenchimento dos espaços entre os órgãos e manutenção, toda a diversidade do tecido conjuntivo em um organismo desempenha importante função de defesa e nutrição.

Os principais tipos em vertebrados podem ser subdivididos em dois grupos, a partir de uma classificação considerando a composição de suas células e o volume relativo entre os elementos da matriz extracelular: tecido conjuntivo propriamente dito (o frouxo e o denso), e os tecidos conjuntivos especiais (o adiposo, o cartilaginoso, o ósseo e o sanguíneo).

TECIDO CONJUNTIVO FROUXO

Caracteriza-se pela abundante presença de substâncias intercelulares e relativa quantidade de fibras, frouxamente distribuídas. Nesse tecido estão presentes todas as células típicas do tecido conjuntivo: os fibroblastos ativos na síntese proteica, os macrófagos com grande atividade fagocitária e os plasmócitos na produção de anticorpos.

TECIDO CONJUNTIVO DENSO 

Denominado de tecido conjuntivo fibroso, apresenta grande quantidade de fibras colágenas, formando feixes com alta resistência à tração e pouca elasticidade. É tipicamente encontrado em duas situações: formando os tendões, mediando a ligação entre os músculos e os ossos; e nos ligamentos, unindo os ossos entre si.

A organização das fibras colágenas nessa classe de tecido permite distingui-lo em: não modelado, quando as fibras se distribuem de maneira difusa (espalhadas); e modelado, se ordenadas.

TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO (RETICULAR)

Esse tecido tem a função de produzir as células típicas do sangue e da linfa. Existem duas variações: tecido hematopoiético mieloide e tecido hematopoiético linfoide.

Mieloide: Encontra-se na medula óssea vermelha, presente no interior do canal medular dos ossos esponjosos, responsáveis pela produção dos glóbulos vermelhos do sangue (hemácias), certos tipos de glóbulos brancos e plaquetas.

Linfoide: Encontra-se de forma isolada em estruturas como os linfonodos, o baço, o timo e as amígdalas; tem o papel de produzir certos tipos de glóbulos brancos (monócitos e linfócitos).

TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO

O tecido conjuntivo adiposo é rico em células que armazenam lipídios, com função essencial de reserva energética. Em aves e mamíferos (animais homeotérmicos), auxilia na regulação térmica (isolante), sendo distribuído sob a pele que constitui a hipoderme.

TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO

O tecido cartilaginoso, desprovido de vasos sanguíneos e nervos, é formado por células denominadas condroblastos e condrócitos. O condroblasto sintetiza grande quantidade de fibras proteicas, e com gradual redução de sua atividade metabólica, passa a ser denominado condrócito.

TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO 

Bem mais resistente que o tecido cartilaginoso, o tecido ósseo é constituído de uma matriz rígida, formada basicamente por fibras colágenas e sais de cálcio e vários tipos de células: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos.

Os osteoblastos são células ósseas jovens, existentes em regiões onde o tecido ósseo encontra-se em processo de formação, originando os osteócitos que armazenam cálcio. Os osteoclastos, por sua vez, são células gigantes que promovem a destruição da matriz óssea.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

GRANULOMATOSE DE WEGENER

INTRODUÇÃO:

A Granulomatose de Wegener é uma doença muito pouco frequente que, muitas vezes, começa com uma inflamação do revestimento das fossas nasais, dos seios paranasais, da garganta ou dos pulmões  e pode evoluir para uma inflamação dos vasos sanguíneos de todo o organismo (vasculite generalizada) ou para uma doença renal mortal. A doença produz vasculite e um tipo pouco habitual de inflamação chamado granuloma, que finalmente destrói os tecidos normais.













INCIDÊNCIA:

Esta doença pode apresentar-se em qualquer idade e é duas vezes mais frequente entre os homens do que entre as mulheres. Desconhece-se a sua causa. É semelhante a uma infecção, embora não se possa encontrar um microrganismo (gérmen) infectante. Julga-se que a granulomatose de Wegener se deve a uma resposta alérgica a um factor desencadeante que ainda não foi identificado. O resultado é uma resposta imunitária inapropriada e potente que lesa muitos tecidos do corpo.
SINTOMAS:

A doença pode começar de modo repentino ou gradual. Os primeiros sintomas afetar em geral o trato respiratório superior, o nariz, os seios, os ouvidos e a traqueia; por vezes, podem ocorrer hemorragias nasais graves, sinusite, infecções do ouvido médio (otite média), tosse e expectoração com sangue. O revestimento do nariz pode tornar--se vermelho e áspero e sangrar com facilidade. Outros sintomas são febre, sensação de mal-estar generalizado, perda de apetite, dores e tumefacção das articulações; pode haver uma inflamação do olho ou do ouvido. A doença pode afetar as artérias que chegam ao coração, provocando dor torácica ou um ataque cardíaco (enfarte do miocárdio), ou pode afetar o cérebro ou a espinal medula, produzindo sintomas semelhantes aos de outras doenças neurológicas.
A doença pode progredir para uma fase generalizada (disseminada), com inflamação dos vasos sanguíneos de todo o organismo. Em consequência, aparecem chagas na pele que se propagam extensamente, podendo causar cicatrizes graves. A doença do rim, frequente nesta etapa da granulomatose de Wegener, varia desde uma lesão ligeira a uma insuficiência renal potencialmente mortal, causa de hipertensão e de sintomas resultantes da acumulação de substâncias de excreção no sangue (uremia).  Por vezes, os pulmões são o único órgão atingido. Podem formar-se granulomas nos pulmões, o que dificulta a respiração. A anemia é frequente e pode ser grave. A melhoria costuma surgir de forma espontânea, mas a granulomatose de Wegener progride e pode ser mortal em muitos casos, sem um tratamento adequado.


DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico é obtido com base na história clínica, nos achados do exame físico, de imagem (radiografia e tomografia), anátomo-patológicos e positividade do CANCA, que consiste em um anticorpo anticitoplasma de neutrófilo, que muitos pesquisadores acreditam ser altamente específico para a granulomatose de Wegener, apresentando 98% de especificidade com sensibilidade variando entre 34 a 92%.

TRATAMENTO:
O tratamento desta moléstia é feito com o uso de fármacos imunossupressores.  A droga de eleição é a ciclofosfamida, administrada na dose de 2 mg/Kg/dia, por via oral, em associação com os glicocorticóides, sendo a prednisona a mais utilizada, no dose de 1 mg/Kg/dia. Estes fármacos são responsáveis por controlar a doença, diminuindo a reação imunitária inadequada do organismo.

VASCULITE

DEFINIÇÃO:

Vasculite é caracterizada pelo o número de doenças diferentes, que têm, em comum , a inflamação  nas paredes dos vasos sanguíneos. Assim, com a inflamação, as paredes dos vasos sanguíneos ficam mais espessas, como consequência  células do sistema de defesa acumulam no interior dos vasos. Com a interrupção do fluxo sanguíneo, essa reação provoca um estreitamento (estenose). Portanto, órgão e tecidos do corpo deixam de ser nutridos pela inflamação causada por essa doença.









CAUSAS:

Na maioria das vezes a vasculite tem como causa a presença de elementos minúsculos no sangue que circula pelo corpo, os quais são compostos por antígenos, substâncias desconhecidas do organismo, bem como, por exemplo, as que estruturam micro-organismos,como bactérias e fungos, entre outros vinculados com os anticorpos produzidos pelos órgãos atingidos em defesa do corpo.

INCIDÊNCIAS:

Apesar de existirem vários tipos de vasculites, esta inflamação é considerada uma doença rara. A incidência está estimada em cerca de 25 casos por milhão de habitantes/ano. Com a terapêutica que se utiliza atualmente, consegue-se manter esta doença controlada em mais de 80% dos casos. No entanto, há uma elevada taxa de morbilidade associada. O índice de recidivas situa-se nos 40% nos dois primeiros anos.

SINTOMAS:

Os sintomas das vasculites variam de acordo com os vasos comprometidos pela inflamação e os órgãos afetados (rins, articulações, sistema nervoso central e vias respiratórias). Nas fases iniciais, costumam ser inespecíficos, ou seja, são semelhantes aos provocados por vários outros quadros inflamatórios. A pessoa se queixa de mal-estar, febre, sudorese, fraqueza, cansaço, perda de apetite, emagrecimento. Com a evolução da doença subjacente, podem ocorrer as seguintes manifestações clínicas: dor abdominal e nas juntas, urina escura ou com sinais de sangue, tromboses, aparecimento de manchas vermelhas na pele, sensação de formigamento e perda de sensibilidade nas áreas próximas aos vasos inflamados. Foto de uma vasculite acometendo os vasos das mãos, causando necrose dos dedos.


DIAGNÓSTICO:
Estabelecer um diagnóstico preciso da vasculite não é das tarefas mais fáceis porque, no início, os sintomas são inespecíficos, de evolução quase sempre lenta, e semelhantes aos de muitos outros processos inflamatórios. No entanto, a distinção entre as diferentes formas da doença é fundamental para orientar o tratamento. Para tanto, é preciso levar em conta a história do paciente, os sintomas, uma avaliação clínica minuciosa e o resultado de exames específicos de sangue e de imagem. A biópsia dos tecidos e órgãos acometidos pela doença é um recurso indispensável para esclarecer o diagnóstico.
TRATAMENTO

O objetivo do tratamento da vasculite é reduzir a inflamação nos vasos sanguíneos. Ele varia de acordo com o tipo e gravidade da doença e as condições do órgão afetado.  Em alguns casos, a enfermidade é autolimitada e desaparece espontaneamente. Em outros, quando é possível identificar a causa, é suficiente afastar o agente etiológico para reverter o quadro. Às vezes, a pessoa está aparentemente curada, mas os sinais da infecção ressurgem e é necessário retomar o tratamento.
Há vários tipos de vasculite que respondem bem aos medicamentos esteroides para controlar a inflamação. Infelizmente, casos mais graves exigem a prescrição de drogas imunossupressoras e citotóxicas para destruir as células do sistema imunológico que participam do processo inflamatório. Quando o uso dessa medicação se faz absolutamente necessário por longos períodos, é preciso introduzir medidas para evitar os efeitos adversos dos esteroides e o risco de infecções oportunistas.

RECOMENDAÇÕES


Lembre que o diagnóstico precoce da vasculite representa um pré-requisito básico para o sucesso do tratamento das diferentes formas da doença. Não se automedique. Procure assistência médica se os sintomas típicos da inflamação forem recorrentes.

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO


O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença auto-imune com episódios de inflamação nas articulações, tendões e outros tecidos conjuntivos e órgãos.Verifica-se uma inflamação de diversos tecidos e órgãos numa diversidade de pessoas, indo o grau da doença de ligeiro a debilitante, dependendo da quantidade e da variedade de anticorpos que aparecem e dos órgãos interessados. Cerca de 90 % das pessoas com lúpus são mulheres dos 20 aos 30 anos; mas também pode aparecer em crianças (sobretudo de sexo feminino), homens e mulheres de idade avançada.

Alguns medicamentos para o coração (hidralazina, procainamida e betabloqueantes) podem causar, por vezes, uma síndroma semelhante ao lúpus que desaparece quando se interrompe o tratamento.
Sintomas
O número e a variedade de anticorpos que se podem apresentar no lúpus são maiores que em qualquer outra doença e, juntamente com outros factores desconhecidos, determinam quais são os sintomas que se desenvolvem. Portanto, os sintomas, assim como a sua intensidade e gravidade, variam muito em cada caso. O lúpus pode ser bastante ligeiro, ou ser devastador, incapacitante ou mortal. Por exemplo, em pessoas que têm anticorpos que afectam apenas a pele, os sintomas cutâneos podem ser leves (inclusive podem ser prevenidos evitando-se a luz solar) ou, pelo contrário, graves e desfigurantes.
Devido à grande variedade de sintomas que apresenta, o lúpus pode parecer-se com muitas outras doenças.
Por exemplo, no lúpus é habitualmente afetado o tecido conjuntivo das articulações, e a artrite daí resultante pode parecer-se com a artrite reumatóide. Quando afeta o cérebro, o lúpus pode ter manifestações semelhantes a uma epilepsia ou a qualquer perturbação psicológica.
Embora o lúpus possa ser crônico e persistente, manifesta-se, em geral, de forma intermitente. Muitas vezes, desconhece-se o fator desencadeador de um aumento dos sintomas em pessoas com predisposição, embora a luz solar possa ser um desses factores.
O lúpus pode começar com febre. Esta pode ser alta e de aparecimento súbito. Podem produzir-se também episódios de febre acompanhados por uma sensação de mal estar geral, que aparecem e desaparecem, por vezes durante anos. Cerca de 90 % das pessoas com lúpus sofrem de uma inflamação articular que varia desde dores ligeiras intermitentes a formas intensas de artrite em várias articulações. Os sintomas articulares que se manifestam durante anos podem preceder o aparecimento de outros sintomas. De facto, muitas pessoas que sofrem de lúpus recordam-se de ter tido na infância dores relacionadas com o crescimento. Uma inflamação articular de longa duração pode conduzir a deformações e lesões permanentes da articulação e do tecido circundante, mas o osso não se desgasta como no caso da artrite reumatóide.
As erupções cutâneas são frequentes e aparecem de forma habitual no rosto, no pescoço, no peito e nos cotovelos. A maior característica é uma erupção de cor vermelha, em forma de asas de borboleta, que aparece em cima da cana do nariz e nas maçãs do rosto, podendo também desenvolver-se protuberâncias circulares. É pouco frequente que estas erupções causem bolhas ou fiquem em carne viva.
As úlceras da boca também são frequentes. Podem aparecer zonas pintalgadas de cor vermelho-púrpura no bordo das palmas das mãos e nos dedos assim como inchaço e vermelhidão à volta das unhas. Na fase activa, também e característica a perda de cabelo. Quase metade das pessoas que sofrem de lúpus tem a pele muito sensível à luz, de tal maneira que ela pode queimar-se facilmente ou apresentar uma erupção depois da exposição à luz solar.
Ocasionalmente, pode ocorrer uma inflamação e uma acumulação excessiva de líquido nas membranas que envolvem os pulmões. Essa inflamação (pleurisia) pode fazer com que a respiração profunda seja dolorosa. O líquido pode acumular-se no saco que envolve o coração, originando uma pericardite que pode causar dores torácicas agudas e constantes. As crianças e os adultos jovens que têm lúpus apresentam com frequência um aumento do tamanho dos gânglios linfáticos em todo o corpo. O baço aumenta de tamanho em 10 % das pessoas com esta doença.
Por vezes, esta perturbação afeta o sistema nervoso, causando cefaléias, mudanças de personalidade, convulsões e sintomas semelhantes aos da demência, como dificuldade para pensar com clareza. Com menor frequência verificam-se tromboses cerebrais. A detecção de proteínas ou glóbulos vermelhos na urina num exame de laboratório indica lesão dos rins causada pela glomerulonefrite, uma inflamação dos rins frequente durante esta doença. Em caso de desenvolvimento de uma doença progressiva grave dos rins, a pressão arterial pode aumentar perigosamente, seguida de uma insuficiência renal que poderá ser mortal. A detecção precoce e o tratamento das lesões do rim nas pessoas afectadas pelo lúpus reduzem a incidência de uma doença renal grave.
Eritema em asas de borboleta
As manifestações cutâneas são frequentes no lúpus eritematoso sistêmico. É característico encontrar lesões eritematosas (vermelhas) ou hiperpigmentadas no dorso do nariz e das faces: é o eritema em «asas de borboleta.

Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se principalmente nos sintomas, especialmente no caso de se apresentarem numa mulher jovem. Pode ser difícil distinguir o lúpus de outras doenças, devido à ampla gama de sintomas que este provoca.
Os exames de laboratório podem ser úteis para confirmar o diagnóstico. A análise de sangue pode detectar anticorpos antinucleares, presentes na grande maioria das pessoas que sofrem de lúpus. Contudo, estes anticorpos manifestam-se também noutras doenças. Portanto, caso se detectem anticorpos antinucleares, devem realizar-se também provas à procura de anticorpos anti-ADN de cadeia dupla. Um valor alto destes anticorpos é específico do lúpus, embora nem todas as pessoas que sofrem dessa doença tenham esses anticorpos. Podem fazer-se análises de sangue para medir os valores do complemento (um grupo de proteínas que fazem parte do sistema imunitário) e detectar outros anticorpos para prever a atividade e o curso da doença.
A lesão do rim causada pelo lúpus pode ser detectada por meio de análises de sangue e urina, embora em algumas ocasiões a biopsia renal esteja indicada para determinar melhor o tratamento.

Prognóstico e tratamento
O prognóstico varia enormemente dado que o curso da doença é imprevisível. A doença tende a ser crónica e recorrente, muitas vezes com períodos livres de sintomas que podem durar anos. Não é frequente que os surtos se apresentem depois da menopausa. O prognóstico melhorou visivelmente durante os últimos vinte anos. Em geral, caso seja controlada a inflamação inicial, o prognóstico a longo prazo é bom.
Se os sintomas de lúpus tiverem sido provocados por um medicamento, o lúpus cura-se interrompendo o mesmo, embora a recuperação possa demorar meses.
O tratamento depende dos órgãos afetados e da gravidade da doença. O lúpus ligeiro caracteriza-se por febre, artrite, erupções cutâneas, problemas cardíacos e pulmonares moderados e cefaleias. O lúpus mais grave pode causar doenças do sangue, problemas cardíacos e pulmonares muito importantes, lesões do rim significativas, vasculite dos braços e das pernas ou do trato gastrointestinal, ou disfunções graves do sistema nervoso.
doença ligeira pode exigir pouco ou nenhum tratamento. Os medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINE) podem aliviar a dor articular na maioria dos casos. A aspirina administra-se em doses baixas se o sangue do doente tiver tendência a coagular (como acontece em algumas pessoas que sofrem de lúpus). Doses demasiado elevadas podem lesar o fígado. Algumas substâncias como a hidroxicloroquina, a cloroquina ou a quinacrina, por vezes combinadas, ajudam a aliviar os sintomas articulares e cutâneos.
As fases graves tratam-se imediatamente com um corticosteróide como a prednisona, dependendo a dose e a duração do tratamento dos órgãos afetados. Em certas ocasiões administra-se um medicamento imunossupressor como a azatioprina ou a ciclofosfamida, para suprimir o ataque auto-imunitário. A combinação de um corticosteróide e de um imunossupressor usa-se com muita frequência para doenças graves dos rins ou do sistema nervoso, assim como para a vasculite.
Uma vez controlada a inflamação, o médico determina a dose que a suprime mais eficazmente a longo prazo. Em geral, reduz-se gradualmente a dose de prednisona quando os sintomas estão controlados e os exames laboratoriais indicam melhoria. As recidivas ou surtos podem ter lugar durante este processo. Para a maioria dos que têm lúpus, a dose de prednisona pode ser reduzida ou suprimida a longo prazo.
Os procedimentos cirúrgicos e a gravidez podem representar complicações nas pessoas com lúpus, pelo que se exige uma rigorosa supervisão médica. São frequentes os abortos espontâneos, assim como os acessos depois do parto.

ARTRITE REUMATÓIDE

DEFINIÇÃO:

Artrite reumatóide é uma doença inflamatória crônica, autoimune, que afeta as membranas sinoviais (fina camada de tecido conjuntivo) de múltiplas articulações (mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés, ombros, coluna cervical) e órgãos internos, como pulmões, coração e rins, dos indivíduos geneticamente predispostos. A progressão do quadro está associada a deformidades e alterações das articulações, que podem comprometer os movimentos. Nesta doença, o sistema imunitário ataca o próprio tecido que reveste e protege as articulações. Finalmente, a cartilagem, o osso e os ligamentos da articulação deterioram-se, provocando a formação de cicatrizes dentro da articulação, que se deteriora a um ritmo muito variável.

CAUSA:

A causa da artrite reumatóide é desconhecida. É uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico do corpo ataca os tecidos saudáveis por engano. Infecções, genes, mudanças hormonais e fatores ambientais, como o cigarro, podem estar relacionados com a doença.A causa mais importante é a tendência genética. Acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais da doença.Também tem diversos outros fatores que podem estar relacionados a essa doença como: Fatores hormonais e isso justifica o fato da doença ocorrer mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período da gravidez.



INCIDÊNCIA:

Embora a artrite reumatoide seja mais comum em pessoas entre 30 e 50 anos, ela pode acontecer em qualquer faixa etária, da infância à terceira idade. A doença é mais prevalente entre mulheres, sendo de quatro a cinco vezes mais comum no sexo feminino. Ocorre em cerca de 1% da população, ou seja, uma em cada 100 pessoas pode ter a doença.

SINTOMAS:

No início, os sintomas podem ser insidiosos e comuns a outras enfermidades ou ocorrer abrupta e simultaneamente. Os mais comuns são rigidez matinal que regride durante o dia, mal-estar, diminuição do apetite, perda de peso, cansaço, febre baixa, inchaço nas juntas das mãos, punhos, joelhos e pés, que se deformam com a evolução da doença. A doença pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas, geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las (artrite e sinovite). Isso ocorre principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar. As alterações destrutivas articulares são variáveis em um mesmo enfermo e entre a população com Artrite Reumatóide (AR). Há casos bastante benignos e com alterações discretas ou ausentes e outros em que as deformidades instalam-se progressivamente e tornam-se extremamente graves mesmo com tratamento adequado. 
As articulações afetadas aumentam e podem deformar-se rapidamente. Também podem ficar rígidas numa posição (contraturas), o que impede que se estendam ou abram por completo. Os dedos tendem a dobrar-se em direção ao dedo mindinho em cada mão, causando a deslocação dos tendões dos dedos. Os pulsos inchados podem dar lugar à síndroma do canal cárpico. Os quistos que se desenvolvem por trás dos joelhos afetados podem rebentar, causando dor e edema nas pernas. Cerca de 30 % a 40 % das pessoas que sofrem de artrite reumatóide apresenta tumefacções duras (nódulos) debaixo da pele, com frequência perto das zonas doentes. A artrite reumatóide pode causar um pouco de febre e, em algumas ocasiões, uma inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), que provoca lesões dos nervos ou chagas nas pernas (úlceras). A inflamação das membranas que envolvem os pulmões (pleurisia) ou do invólucro do coração (pericardite), ou então a inflamação e as cicatrizes dos pulmões podem provocar dor torácica, dificuldade em respirar e uma função cardíaca anormal. Algumas pessoas desenvolvem gânglios linfáticos inflamados, a síndroma de Sjögren ou uma inflamação ocular.


DIAGNOSTICO:
O diagnóstico da artrite reumatoide é clínico, ou seja, se baseia na história clínica e no exame físico feito pelo médico. Mas, alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, podem ser úteis, incluindo as provas que medem atividade inflamatória, fator reumatoide, anticorpo antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP), radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das juntas, em caso de dúvida. Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso. Pode ser difícil distinguir a artrite reumatóide das muitas outras doenças que podem causar artrite. As doenças que se parecem em alguns aspectos com a artrite reumatóide são: a febre reumática aguda, a artrite causada por gonococos, a doença de Lyme, a síndroma de Reiter, a artrite psoriática, a espondilite anquilosante, a gota, a pseudogota e a artrose. A artrite reumatóide pode produzir sintomas muito característicos. Contudo, pode ser necessária uma análise do líquido que se extrai da articulação com uma agulha ou então uma biopsia (extracção de uma amostra de tecido que se examina ao microscópio) dos nódulos para estabelecer o diagnóstico. As mudanças características nas articulações podem ser detectadas nas radiografias. Algumas características típicas da artrite reumatóide podem observar-se nos resultados dos exames laboratoriais. Por exemplo, 9 de cada 10 pessoas que sofrem de artrite reumatóide apresentam uma velocidade de sedimentação dos glóbulos vermelhos elevada. A maioria tem uma anemia ligeira. Em raras ocasiões, o valor dos glóbulos brancos é anormalmente baixo.

TRATAMENTO:
Quanto mais cedo for diagnosticada a doença e iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico. Embora ainda não se conheçam os recursos para a cura definitiva, é possivel obter a remissão dos sintomas, preservar a capacidade funcional e evitar a progressão das deformidades. Repouso só deve ser indicado em quadros muito dolorosos e por pouco tempo. Atividade física e fisioterapia são importantes para controlar o comprometimento das articulações e a perda da mobilidade. É aconselhável seguir uma dieta regular e saudável. O aumento dos sintomas aparece em alguns casos depois do consumo de certos alimentos. Uma dieta rica em peixe e óleos vegetais, mas pobre em carne vermelha, pode ter leves efeitos benéficos sobre a inflamação.

E quanto ao tratamento medicamentoso ( FARMACOLÓGICO)?

Muitos medicamentos usados para tratar a artrite reumatoide têm efeitos colaterais potencialmente graves. Os médicos geralmente prescrevem medicamentos com menos efeitos colaterais em primeiro lugar. Você pode precisar de medicamentos mais fortes ou uma combinação de drogas conforme a doença progride.
  • Medicamentos anti-inflamatórios não esteróides

Os anti-inflamatórios não esteróides, como a aspirina e o ibuprofeno, são os mais utilizados, porque reduzem o inchaço nas articulações afectadas e acalmam a dor. A aspirina é a pedra angular tradicional do tratamento da artrite reumatóide; contudo, os novos medicamentos anti-inflamatórios não esteróides podem ter menos efeitos secundários e são, em geral, mais fáceis de administrar, embora sejam mais caros.

  • Medicamentos de ação retardada

Os medicamentos de ação retardada alteram em certas ocasiões o curso da doença, embora possa ser necessário um tratamento de vários meses (cujos efeitos secundários podem ser perigosos) para se verificar alguma melhoria. O médico deve vigiar e fazer um acompanhamento do tratamento. Estes medicamentos prescrevem-se se os anti-inflamatórios não esteróides não foram eficazes ao fim de dois ou três meses de tratamento ou no caso de um progresso rápido da doença. Os medicamentos de ação retardada que são utilizados atualmente são a penicilamina, a hidroxicloroquina e a sulfasalazina.
  • Corticosteróides

Os corticosteróides (como a prednisona) são medicamentos de uma eficácia surpreendente para reduzir a inflamação em qualquer parte do corpo. Apesar de os corticosteróides serem eficazes em tratamentos de curta duração, a sua eficiência tende a diminuir com o tempo, enquanto a artrite reumatóide, em geral, permanece ativa durante anos. Estes medicamentos não costumam atrasar a progressão da doença; além disso, o uso prolongado de corticosteróides implica invariavelmente muitos efeitos secundários, afetando quase todos os órgãos do corpo.
  • Medicamentos imunossupressores

Os medicamentos imunossupressores (metotrexato, azatioprina e ciclofosfamida) são eficazes no tratamento das formas graves de artrite reumatóide. Suprimem a inflamação, pelo que os corticosteróides podem ser administrados em doses mínimas e inclusive ser evitados.

CIRURGIA:
Algumas vezes, é necessário cirurgia para corrigir as articulações gravemente lesionadas. A cirurgia pode incluir:

  • Remoção da membrana sinovial (sinovectomia)
  • Substituição total da articulação em casos extremos, o que pode incluir a substituição total de joelho, quadril, tornozelo, ombro e outros.

SÍNDROME DE SJOGREN

DEFINIÇÃO:

A Síndrome de Sjögren é uma doença do tecido conjuntivo autoimune que afeta as glândulas produtoras de lágrimas e saliva, causando olho e boca seca. A doença pode, ainda, afetar outras partes do corpo, podendo causar problemas também aos rins e aos pulmões. Esta síndroma está frequentemente associada a outros sintomas mais característicos da artrite reumatoide ou do lúpus eritematoso sistêmico. A doença pode ocorrer em indivíduos de todas as idades de qualquer etnia, sendo predominante na faixa etária entre 40 e 50 anos de idade, sendo uma doença comum em pessoas com idade mais avançada. Geralmente afetando mais as mulheres, que homens.

CAUSAS:

A causa da Síndrome de Sjögren ainda é desconhecida, mas sabe-se que trata-se de uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca as células e tecidos saudáveis do corpo por engano. Neste caso, o alvo desses ataques são, geralmente, as glândulas lacrimais e salivares. No entanto, a síndrome também pode afetar as articulações, músculos, a tireoide, os rins, fígado, pulmões, a pele e até mesmo os nervos.Apesar da causa desta doença ainda não for totalmente esclarecida,mas é provável que múltiplos fatores estejam envolvidos, como genético,viróticos, hormonais, ou associação destes. Existem dois tipos possíveis para a Síndrome de Sjögren:
  • Primária, quando o paciente só tem essa doença.
  • Secundária, quando o paciente passa a apresentar outras doenças, como artrite reumatóide e lúpus.
INCIDÊNCIA:

Embora qualquer pessoa pode desenvolver a síndrome de Sjögren, a doença geralmente ocorre em pessoas com um ou mais fatores de riscos. Estes incluem: a idade o paciente com essa síndrome é geralmente diagnosticada com mais de 40 anos. O sexo: As Mulheres são mais propensas a ter a síndrome do que os Homens. E pessoas com doenças reumáticas como a artrite reumatoide ou lúpus.

SINTOMAS:

Os dois principais sintomas da Síndrome de Sjögren são: olhos secos, incluindo sensação de queimação, coceira ou como se houvesse areia. E boca seca acompanhada de dificuldade para engolir ou falar. A secura dos olhos pode lesar gravemente a córnea; a falta de lágrimas pode causar lesões permanentes no olho. A insuficiência salivar pode entorpecer o gosto e o olfacto, dificultar a comida e a deglutição e causar cáries. No entanto, dependendo do caso, um paciente diagnosticado com a síndrome de Sjögren também pode apresentar: a presença de secura de outros tecidos, como pele, mucosa nasal, vaginal. Também pode causar problemas em outras partes do corpo, como músculos, articulações, pulmões, rins, tireoides, fígado, pâncreas, estômago, nervos e cérebro, ocorrendo diferentes sintomas relacionados aos órgãos envolvidos. Alterações psiquiátricas, como mudança de humor, psicose, demência,ou crises de pânico também podem estar presentes.


DIAGNÓSTICO:

É provável que uma pessoa com secura da boca e dos olhos e uma inflamação articular sofra da síndroma de Sjögren. O médico pode efetuar vários exames para diagnosticar a doença. O diagnóstico é feito através do quadro clinico, com resultados de exames, histológico, o estudo imunológico é importante, pois permite verificar se a presença de anticorpos tipicamente encontrados nesta doença (anti-SSA e anti-SSB) embora não sejam necessariamente presente.Mede-se também a quantidade de lágrimas produzidas, colocando uma fita de papel de filtro sob cada pálpebra inferior e observando a porção da fita que se molha (prova de Schirmer). O indivíduo que tem a síndroma de Sjögren pode produzir menos de um terço da quantidade normal. O oftalmologista controlará as possíveis lesões na superfície do olho. Podem realizar-se muitas provas sofisticadas para avaliar a secreção da glândula salivar. O médico pode solicitar uma gamagrafia ou efetuar uma biopsia das glândulas salivares. O diagnóstico e tratamento precoce são importantes para prevenir complicações e a atuação do cirurgião dentista na realização deste diagnóstico é de extrema importância,o cirurgião-dentista atuará para estimular a função das glândulas salivares e para prevenir danos maiores aos dentes, gengivas, mucosas bucais.

                            

TRATAMENTO:

Não se dispõe de cura para a síndroma de Sjögren, mas os sintomas podem ser aliviados: a secura dos olhos pode ser tratada com gotas de lágrimas artificiais; uma boca seca umedece-se sorvendo líquidos continuamente, mascando pastilha elástica sem açúcar ou mediante o bochecho com um colutório é importante beber muita água. 

Ressaltamos que o diagnóstico e a intervenção precoces podem alterar o curso da doença e que o tipo de tratamento varia conforme o grau de comprometimento das glândulas salivares. O paciente deverá sempre ser assistido tanto pelo cirurgião dentista, como pelo reumatologista e oftalmologista para melhorar a qualidade de vida do paciente.

E quanto ao tratamento medicamentoso ( FARMACOLÓGICO)?

Os medicamentos que reduzem a quantidade de saliva, como os descongestionantes e os anti-histamínicos, devem ser evitados já que podem piorar a secura. A pilocarpina ajuda a estimular a produção de saliva se as glândulas salivares não estiverem gravemente lesadas. Uma cuidadosa higiene dentária e visitas frequentes ao dentista minimizam a cáries e perda dos dentes. A dor e o inchaço das glândulas salivares tratam-se com analgésicos. A aspirina e o repouso constituem, em muitos casos, um tratamento suficiente para os sintomas articulares, já que são geralmente ligeiros. Os corticosteróides (como a prednisona) administrados por via oral são muito eficazes quando os sintomas resultantes da lesão dos órgãos internos são acentuados.

Dependendo dos sintomas, o médico pode prescrever medicamentos que ajudem a aumentar a produção de saliva e lágrimas. Os efeitos colaterais, por outro lado, incluem sudorese, dor abdominal, rubor no rosto e aumento da frequência urinária. Além disso, se houver complicações decorrentes da síndrome, como artrite, o médico poderá recomendar o uso de anti-inflamatórios.

CIRURGIA:

Para aliviar a secura nos olhos, o paciente pode ter de passar por um pequeno procedimento cirúrgico para selar os canais lacrimais que drenam as lágrimas de seus olhos.